familia
Cada vez mais nos deparamos com conflitos familiares decorrentes de ausência de limites entre pais e filhos, dificuldades de um dos pais ou de ambos em assumir a paternidade frente aos filhos (muitos terceirizam esta função), bem como a falta de maturidade frente ao comprometimento diante da construção e condução de uma família.
No capítulo XVII do Evangelho, segundo Espiritismo, mais precisamente, nas instruções dos espíritos, Lázaro refere na fala do DEVER:
O dever é a obrigação moral, primeiro para consigo mesmo, e depois para com os outros. O dever é a lei da vida: encontramo-lo nos mínimos detalhes, como nos atos mais elevados. Quero falar aqui somente do dever moral(…)Na ordem dos sentimentos, o dever é muito difícil de ser cumprido porque se encontra em antagonismo com as seduções do interesse do coração. O dever íntimo do homem está entregue a seu livre arbítrio(…)O dever começa precisamente no ponto que ameaçais a felicidade ou tranquilidade do vosso próximo, e termina no limite que não desejaríeis ver transposto em relação a vós mesmo(…)O dever é o resumo prático de todas as especulações morais. (…)O homem que cumpre o seu dever ama a Deus mais que as criaturas, e as criaturas mais que a si mesmo, é a um só tempo, juiz e escravo na sua própria causa.
E a paternidade assumida pelo livre arbítrio deve ser entendida e exercida como um dever moral assumido.
Sabemos que, ainda no plano espiritual, ao fazermos nosso planejamento reencarnatório, nos comprometemos a enfrentarmos vários desafios e a exercer muitas funções no plano terrestre. Oportunidades de reparações e resgastes naquilo que não conseguimos concluir ou realizar nas encarnações anteriores.
Segundo Walter Barcelos, no livro Educadores do Coração, (Cap.10 O pai espírita, p.75)
O espírito retorna à Terra, graças à fusão dos elementos genésicos do pai e da mãe, que transferem suas cargas hereditárias biológicas para a formação de um novo corpo. Através desse maravilhoso fenômeno da natureza, Deus quer mostrar que os filhos devem ser dirigidos para o bom caminho, com esforço educativo de ambos os genitores.
O homem e a mulher possuem traços psicológicos diferentes que determinam funções também diferentes, mas que são complementares e necessárias a formação da personalidade da criança. Logo, o papel de cada um é de fundamental importância. Mesmo em casamento desfeitos o comprometimento e a responsabilidade frente aos filhos permanece inalterável, condição não seguida em muitas famílias.
Aspectos a serem observados pelos pais na busca de uma relação sadia com os filhos:
*Os pais provêm não só o material, mas o afeto, os cuidados com: saúde biopsicossocial; a formação intelectual, moral e espiritual;
*a responsabilidade da educação dos filhos é insubstituível;
*a relação e diálogo entre pais e filhos tem que envolver transparência e verdade;
*as trocas afetivas na convivência acontecem numa ordem de pais amigos e não de amigos pais;
* a imposição de limites é fundamental para uma educação eficiente
*a importância de alternar no cotidiano da vida, momentos das tarefas e responsabilidades a cumprir com momentos de lazer, de brincadeiras, de leveza, vivenciando pais e filhos, cumplicidade e parceria.
A responsabilidade dos pais é intransferível, não pode ser terceirizada à Escola, nem a profissionais que cuidam ou tratam as crianças. A função da família é fundamental e essencial na construção da personalidade da criança.
E quanto mais essa família for estruturada e sadia, mais chances a criança terá de desenvolver-se também de uma forma sadia e feliz.
Atualmente existem novas famílias constituídas por pais do mesmo sexo, ou por um só responsável (pai ou mãe), ou com filhos adotados, ou por um segundo casamento onde os filhos dessa união convivem com os irmãos das uniões anteriores. As responsabilidades e comprometimentos desses pais nessas novas famílias se mantém da mesma forma que nas tradicionais.
Uma relação que tem por base o respeito ao ritmo, às diferenças e ao tempo de cada um irá contribuir na formação de um ser mais sadio, necessidade cada vez maior em nossos tempos atuais.
Os pais precisam entender que o exercício da paternidade é uma missão e a eles cabe vivencia-la, pois só assim seguirão construindo seu progresso espiritual.

Autora: Beth Schuck