a-chave-da-vida-feliz-14
Já faz algum tempo que venho pensando em como conectar Patologia com Espiritualidade. Claro que quando se fala em pineal e todas as repercussões e relações desta glândula com a alma, isto já me bastaria.
Mas aqui neste pequeno e singelo texto vou tentar em muito breves palavras conectar o modo preventivo/ descritivo do câncer de colo uterino, minha área de atuação neste momento de vida, com “prevenção” espiritual.
A princípio apresento o que é o Sistema Bethesda para Citopatologia Cervicovaginal, assim descrito no prefácio do livro “Sistema Bethesda para Citopatologia Cervicovaginal – Definições, Critérios e Notas Explicativas”, por Robert J. Kurman, MD –
Em dezembro de 1988, pequeno grupo de indivíduos com experiência em citopatologia, histopatologia e tratamento de pacientes, participou de um encontro promovido pelo NCI (National Cancer Institute) em Bethesda, Maryland, nos Estados Unidos.
A nova proposta teve por objetivo principal desenvolver um sistema de descrição dos esfregaços de Papanicolau que representaria a interpretação citológica de um modo claro e relevante para o clínico.
E, é evidente, que esta nova apresentação terminológica não só visou um melhor esclarecimento ao clínico, mas promover uma comunicação eficaz dos achados relevantes de citologia entre os achados clínicos e laboratoriais, para fornecer o melhor tratamento para o paciente.
Como toda idéia nova, principalmente depois de anos do uso de uma determinada nomenclatura, diversos autores a receberam inicialmente com ceticismo. Foi uma importante mudança de paradigma na citopatologia. E a partir desta mudança, em anos seguintes novas avaliações foram realizadas no sentido sempre de auxiliar no preventivo do câncer de colo uterino.
Sabemos que muitas pessoas foram e ainda são beneficiadas pelo Sistema de Bethesda, pois muitas células com alterações muito leves podem representar algo que pode transformar-se em lesões cervicais propriamente ditas. E daí a importância da prevenção. Antes que algo maior se instale em nós, porque não cuidar, porque não prevenir?
Sabemos pelo Evangelho de João ( João 5:1-18), que Jesus curou um paralítico em Betesda. Pela narrativa bíblica, e de acordo com João, este milagre ocorreu perto da “Porta das Ovelhas”, que ficava próximo a uma fonte ou “piscina” que é chamada de Betesda em aramaico. Ali costumavam juntar um grande número de aleijados e portadores de diversas deficiências- cegos, coxos, paralíticos e outros que eram marginalizados na sociedade da época. Um deles era inválido e tinha trinta e oito anos e, quando Jesus o viu deitado e soube de tempo de sua enfermidade, perguntou-lhe: “Queres ficar são?”.
Este reservatório ou Tanque ficava perto da Porta das Ovelhas, na zona norte de Jerusalém. Os doentes acreditavam que suas águas eram milagrosas. Segundo várias traduções da Bíblia, a agitação destas águas era provocada por um anjo de Deus, sendo que o primeiro doente que ali entrasse ficaria milagrosamente curado.
Betesda ou Bethesda pode referir-se a: Betesda deriva de duas palavras da língua hebraica: Beth ou Beit = “casa” e Chéssed=“ bondade, benignidade, misericórdia.”
Significa, portanto, “lugar da misericórdia Divina” ou “casa da misericórdia Divina.”
Para o Patologista, e em especial para o citopatologista, a Prevenção oferece um espaço para a saúde das pessoas, antes mesmo que se instale em nosso corpo físico uma doença propriamente dita.
E a “Prevenção Espiritual” é possível? Indago-me se já temos uma real noção de sua importância! Quantos males poderíamos evitar através do pensamento positivo, da conduta moral, do autoconhecimento, do perdão, do auto-perdão, do exercício de Amor e Caridade, da fé em Cristo, da oração e de tantas outras atitudes que não caberiam aqui neste espaço.
“Amai-vos uns aos outros como Eu vos Amei.”

Maria Cristina Leal Boeira – Médica Patologista, coordenadora do departamento de solidariedade da AMERGS