enfrentando-enfermidades

O estudo do Espiritismo nos enseja degustar saborosas lições em torno das questões que perpassam o fenômeno de enfermar. O adoecimento psíquico e orgânico é matéria comum, passagem obrigatória a todos os que transitam pelo orbe terreno, como instrumento valioso da pedagogia divina, professor de nosso espírito imortal em construção da sua autoconsciência profunda e felicidade interior.

O pequeno livro “Conduta Espírita” do autor espiritual André Luiz, apresenta-nos cativante mensagem intitulada “Perante a Enfermidade”, a qual nos atrevemos a comentar. Assim instruiu nosso estimado orientador:

Sustentar inalteráveis a fé e a confiança, sem temor, queixa ou revolta, sempre que enfermidades conhecidas ou inesperadas lhe visitem o corpo ou assediem o lar. Cada prova tem sua razão de ser”

Somos muitas vezes surpreendidos pelo acometimento inesperado, suspendendo planos e pretensões de realização material. Freqüentemente, sentimento de desespero e angústia sobrevém, pois imersos na ilusão da vida cotidiana, acreditamos manter o controle da sucessão de eventos que a vida traz, esquecidos de que a Vida Maior é que tem planos para nós, sem jamais desfocar das experiências necessárias a nossa evolução consciencial, propósito maior de nossa estada terrena. Assim, o que parece acidente tem sua razão precisa de ser.

“Com o necessário discernimento, abster-se do uso exagerado de medicamentos capazes de intoxicar a vida orgânica. Para o serviço da cura, todo medicamento exige dosagem”

            A vida orgânica é passível de intoxicações de variados tipos: conteúdos mentais menos nobres, viciações comportamentais, alimentos em excesso, álcool e tóxicos e também de medicamentos em demasia. A autoprescrição medicamentosa é rotina em nossa sociedade. Valiosos recursos químicos têm sua função deturpada em lamentáveis quadros clínicos, da hepatite medicamentosa a quadros dolorosos induzidos pelo uso de analgésicos, da insônia à depressão. Todo recurso terapêutico exige disciplina, pois mesmo a água – manancial de vida – intoxica se mal usada.

“Desfazer idéias de temor ante as moléstias contagiosas ou mutilantes, usando a disciplina mental e os recursos da prece. A força poderosa do pensamento tanto elabora quanto extingue muitos distúrbios orgânicos e psíquicos”.

            Toda realização no plano físico tem sua gênese no plano mental. Nenhuma obra posta no mundo deixou de passar pela etapa de criação no plano mental que, mobilizada pelas energias da vontade e da ação, concretizou-se no mundo fenomênico. As doenças também obedecem a esta lei. O corpo mental é a fonte legítima de todos os processos enfermiços que possamos catalogar, mesmo aqueles aparentemente gerados por um agente infeccioso determinado. Por que afinal o bacilo de Koch invadiu os pulmões de um sujeito, vencendo seus exércitos celulares de defesa e instaurando a tuberculose, ao passo que o mesmo não se deu com todos os outros que dividiam o mesmo ambiente? É no espírito que encontramos a resposta. Cuidemos, portanto, de nossas formações mentais, mantendo-nos conectados a fonte suprema do bem e da paz.

“Sabendo que todo sofrimento orgânico é uma prova espiritual, dentro das leis cármicas, jamais recear a dor, mas aceitá-la e compreendê-la com desassombro e conformação. A intensidade do sofrimento varia segundo a confiança na Lei Divina”.

            Algumas linhas de pensamento da Academia do mundo já descobriram: a dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional. Não podemos desviar, no trânsito da vida, das forças de choque com o mundo que, como flechas, nos atingem em cheio. Mas a forma como enfrentaremos as adversidades podem nos conduzir a compreensão ou ao desespero, a resignação ou a revolta.

“Aceitar o auxílio dos missionários e obreiros da medicina terrena, não exigindo proteção e responsabilidade exclusivas dos médicos desencarnados. A Eterna Sabedoria tudo dispõe em nosso proveito.”

            Mantenhamo-nos longe, nós espíritas, do orgulho da auto-suficiência, ao acreditarmos que prescindimos de ajuda terrena. A ajuda dos céus vem justamente através daqueles que nos estão mais próximos. A experiência de adoecer não é sinal de fraqueza de qualquer natureza.

“Afirmar-se mentalmente em segurança, acima das enfermidades insidiosas que lhe possam assaltar o organismo, repelindo os pensamentos e as palavras de desespero ou cansaço, na fortaleza de sua fé. A doença pertinaz leva à purificação mais profunda.”

            O uso de práticas meditativas, visualizações terapêuticas, leituras edificantes, são valorosos exercícios do controle mental e de sintonização positiva. A persistência no exercício reverte-se em fortaleza benfazeja, conduzindo-nos ao alto e facilitando a assistência de nossos amigos espirituais.

“Aproveitar a moléstia como período de lições, sobretudo como tempo de aplicação dos valores alusivos à convicção religiosa. A enfermidade pode ser considerada por termômetro da fé”.

              Exercitemos a nossa fé!

(autor: Paulo Rogério Aguiar, baseado no livro Conduta Espírita -Waldo Viera/André Luiz, capítulo 35 Perante a Enfermidade.)