Entramos num mês de muitas datas comemorativas e também um marco de dois assuntos da maior importância. O Setembro Verde marca o mês da doação de órgãos e o Setembro Amarelo refere-se à campanha digital que alerta sobre depressão e a possibilidade de prevenir suicídios.

A intenção das duas campanhas é conscientizar a população sobre os dois temas, disponibilizando informações sobre eles.

Mesmo com o aumento gradativo do doação de órgãos no Brasil nos últimos anos, nossos índices ainda estão abaixo dos observados em outros países, entre eles a Espanha, campeã mundial nesse quesito – em 2016 foram feitos 4.818 transplantes.

Segundo dados da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), o Brasil registrou um crescimento de 24% entre 2012 e 2016.

No entanto, a expectativa e trabalho da entidade são para que haja um crescimento continuado, em torno de 10% ao ano, nos próximos anos. No entanto, existe muita desinformação e falta de conscientização sobre o processo decisório. A situação mais comum é quando os interessados deixam de comunicar aos seus familiares a decisão de serem doadores e assim, deixam de ajudar a salvar mais vidas. Familiares e amigos precisam saber desse desejo para passá-lo à frente e para que as doações aconteçam.

Ainda segundo a ABTO, em 2016 a recusa familiar à doação de órgãos foi de 43%, considerados potenciais doadores. Infelizmente, ainda não temos nenhum tipo de documento ou protocolo para registrar o desejo de doação em vida. A pessoa que tiver interesse em doar deve simplesmente avisar sua família e amigos de sua decisão, o que deixa o processo extremamente fragilizado.

Em 2016, foram realizados 22.489 transplantes no Brasil. E esse número pode aumentar a partir do momento que mais pessoas compreenderem esse processo simples -mas, muitas vezes, desconhecido por aqueles que querem ser doadores.

Essa é a intenção da campanha.

Outra mobilização que também merece atenção não só neste mês, mas sempre diz respeito à depressão e suicídio, visto que mais de 90% dos casos estão relacionados a transtornos mentais, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Os transtornos de humor, entre os quais se destaca a depressão, representam o diagnóstico mais frequente nos casos de suicídio, presente em 36% das vítimas. Também estão relacionados ao problema a dependência de álcool (em 23% dos casos), esquizofrenia (14%) e transtornos de personalidade (10%).

Neste Setembro Amarelo, campanha digital alerta sobre a doença e a possibilidade de prevenir essas mortes. Um videocase criativo vinculado ao universo do teatro será disseminado a partir da hashtag #naoesotristeza.

Se por um lado as discussões relacionadas ao suicídio vêm ganhando mais espaço na sociedade e no âmbito da ficção, ainda é preciso avançar no entendimento dos aspectos médicos diretamente relacionados a esse problema.

Muitos acreditam que o suicídio resulta de uma escolha livre, como um exercício da liberdade entre escolher a vida ou a morte. Mas, na verdade, em quase 100% dos casos ele está associado a uma doença mental. Os dados da OMS mostram, por exemplo, que em apenas 3,2% dos casos não foi possível identificar um diagnóstico preciso entre as vítimas.